Quando a política se torna religião

 


“Pois deem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” 

(Lucas 20.25).

Política e religião nem sempre estiveram juntas. Essa união teve início com a conversão do imperador Constantino. Ao longo dessa história, a igreja católica, por meio de seu soberano, o papa, passou a exercer sua influência política, exigindo dos reis e governantes que a doutrina católica fosse imposta a seus súditos e governados.

 Atualmente, no contexto brasileiro, a união entre política e religião vem à tona, tendo como protagonista não mais a igreja católica, mas a evangélica. Como é do conhecimento de todos, nos últimos anos a igreja evangélica brasileira tem ganhado notoriedade com o seu crescimento vertiginoso, com possibilidade de, daqui a alguns anos, o Brasil se tornar um país de maioria cristã evangélica. Sendo assim, a igreja evangélica passou a fazer parte do radar de alguns segmentos da sociedade, como o político, que a vê com capacidade de decidir uma eleição.

 Por isso, tornou-se comum, principalmente em períodos de eleição, políticos procurarem as igrejas evangélicas e suas lideranças em busca de apoio. Há até políticos que, em época de eleição, tornam-se “evangélicos” com o intuito de ganhar o apoio e o voto dessa comunidade. No entanto, fica no ar a pergunta: O que faz a política se aproximar da religião em nosso país? Neste post, quero mostrar dois motivos que estão por trás  dessa união, trazendo uma reflexão que expressa minha fé na Palavra de Deus.

1. Ao se unir à religião evangélica, a política procura manipular a igreja e instrumentalizá-la para um projeto político de poder cujo objetivo maior é a manutenção de determinado político e/ou grupo político no poder, à custa do apoio da igreja. Para alcançar tal objetivo, as estratégias utilizadas pelos políticos são as mais variadas: fazer-se defensor de uma pauta do interesse da igreja, doar-lhe terreno público para construção de templos, oferecer cargos políticos às suas lideranças e/ou a alguns de seus membros, perdoar-lhe as dívidas fiscais que venha a contrair, etc. Desse modo, fica notório que os únicos beneficiados nesse conchave político-religioso são os próprios políticos, e não a igreja, pois eles a usam para se perpetuarem no poder, fazerem riquezas e viverem em constante vantagem político-econômica em relação aos demais candidatos. Portanto, é urgente que a igreja se aperceba dos interesses políticos que a circundam na conjuntura atual da política brasileira, pois ela, enquanto “coluna e firmeza da verdade” (1 Timóteo 3.15), não pode compactuar com interesses políticos escusos que a desonram e a colocam numa condição vergonhosa de manipulação e subserviência aos interesses políticos.

2. Ao se unir à religião evangélica, a política procura cooptar a igreja a aceitar o poder deste mundo e a sua glória, curvando-se a ele, algo que o Senhor rejeitou, quando foi tentado pelo Diabo no deserto, ainda no início de seu ministério (Mateus 4.8-10). Por aceitar esse poder mundano, atrelando-se a ele, a igreja evangélica brasileira foge à sua missão, esquecendo-se da advertência que pesa contra ela: “Não amem o mundo nem as coisas que há no mundo”; e “O mundo passa, bem como os seus desejos; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1 João 2.15-17). Sendo assim, diante da cooptação a que é submetida nesse jogo político-religioso predominante no cenário brasileiro atual, a igreja precisa de uma atitude firme e forte: rejeitar as benesses do poder político mundano, por mais atraentes que sejam, assumindo-se como uma instituição representativa do reino de Deus aqui na terra, tendo como seu objetivo maior a proclamação do evangelho de Cristo à nação brasileira. Ao agir assim, portanto, ela estará se assemelhando ao seu Senhor que, rejeitando o poder mundano oferecido pelo Diabo, como já dissemos acima, procurou cumprir sua missão, morrendo pelo pecador (Romanos 5.8).

Ceder à tentação do poder político mundano, atrelando-se a ele, levará a igreja evangélica brasileira a sucumbir e se prostrar diante do Diabo, adorando-o de forma visível e escandalosa em prol de um projeto político de poder cujos beneficiados são os próprios políticos; a igreja, neste caso, por meio de suas lideranças, é cooptada a tal prática e os crentes são aliciados a sustentarem esse projeto sombrio e pecador. Portanto, resta à igreja se aperceber das artimanhas satânicas que a cercam, rejeitá-las e viver para a glória de Deus, cumprindo a missão que o Senhor lhe confiou: a pregação do evangelho, ainda que isso resulte em perseguição para ela. A Bíblia ainda fala!

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