O evangelho das redes

 


“De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus”

(Romanos 10.17)

A Bíblia fala sobre o evangelho, as boas novas de salvação em Cristo. Com o advento da internet e das novas tecnologias, o acesso às redes socias tornou-se algo comum e, em razão disso, a divulgação do evangelho logo chegou às mais variada plataformas digitais, possibilitando que as pessoas tenham acesso à sua mensagem. No entanto, o que verificamos é que o evangelho presente nas redes sociais, salvo pouquíssimas exceções, não retrata a essência do evangelho bíblico, por ser superficial, diluído e centrado no homem, sem ter nada a ver com a mensagem poderosa e transformadora de Jesus Cristo. Este "evangelho de palco" busca mais likes do que arrependimento, mais seguidores do que discípulos, mais aplausos do que rendição. Neste post, apresentamos cinco aspectos relacionados ao evangelho presente nas redes sociais.

1. O evangelho das redes é, frequentemente, reduzido a frases curtas, de impacto emocional, mas sem profundidade. Embora alguns textos bíblicos possam chamar a atenção do leitor/ouvinte rapidamente, o problema é quando o conteúdo é intencionalmente moldado para agradar, e não para confrontar o pecado ou ensinar a verdade de forma completa. Assim, dizer “Jesus te ama” é uma grande verdade, porém desprovida do contexto do pecado, da cruz e da necessidade de arrependimento, vira apenas um slogan vazio (Romanos3.23).

2. O evangelho das redes hoje está voltado para a autoajuda espiritualizada, na qual Deus é apresentado como alguém que apenas quer realizar os sonhos das pessoas, abrir portas para elas e fazê-las prosperar. É um evangelho sem nenhuma ênfase em santidade, arrependimento ou transformação de caráter. Esse evangelho se torna atrativo às pessoas por massagear seu ego, mas não as conduz à salvação; ele cria “seguidores de promessas”, e não discípulos de Cristo (Marcos 8.34,35).

3. O evangelho das redes é moldado para atender aquilo que gera mais engajamento. Esse evangelho se recusa a falar das doutrinas bíblicas fundamentais, relacionadas à cruz, à santidade e ao inferno, por exemplo. Com isso, o verdadeiro evangelho é mutilado para se tornar palatável, tendo como resultado um grande número de pessoas que pensam conhecer a Deus, mas nunca passaram pelo novo nascimento (Tito 1.16).

4. O evangelho das redes dá ênfase à superficialidade, fazendo uso de mensagens curtas e evitando mergulhar no contexto bíblico mais sério e profundo. Deixo claro aqui que o problema não está na brevidade do conteúdo, mas na ausência de compromisso com a verdade bíblica, pois o evangelho não pode ser tratado como um produto de marketing religioso. O evangelho bíblico é comparado a um alimento sólido, nutritivo, não a um “lanche espiritual” rápido e pobre em nutrientes. Infelizmente, o evangelho das redes faz as pessoas se tornarem consumidoras de conteúdo cristão, não estudantes da Palavra de Deus (1 Pedro 2.2).

5. O evangelho das redes tem transformado os ministros do evangelho em “celebridades gospel”. A preocupação deles se volta para números, seguidores, patrocínios e relevância digital, enquanto o zelo pela santidade, pelo ensino correto das Escrituras e pelo cuidado com a alma das pessoas vai sendo deixado de lado (Filipenses 3.19). Essa inversão de valores enfraquece o testemunho cristão e confunde muitos que buscam uma fé verdadeira.

Concluindo, deixamos evidente que não há problema em usar as redes sociais para anunciar o evangelho. Pelo contrário, elas são uma poderosa ferramenta de evangelização e ensino da Palavra de Deus. No entanto, o problema é quando o conteúdo deixa de ser fiel à Palavra para se tornar um produto de consumo imediato, fazendo com que as pessoas se aproximem de Deus sem desejarem o novo nascimento. Precisamos, portanto, voltar ao evangelho puro, aquele que fala de arrependimento, cruz, graça, transformação e eternidade. Um evangelho que confronta antes de confortar; que fere antes de curar; que salva mesmo que não agrade. A pergunta que fica é: estamos pregando para gerar audiência ou para gerar arrependimento? A Bíblia ainda fala!

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